Livros
Mãe Eu Tenho Direitos- Convivendo com um Autista Adulto
MÃE EU TENHO DIREITO- CONVIVENDO COM UM AUTISTA ADULTO DE DALVA TABACHI
11:09Kellen Pavão
O livro nos conta a história de Ricardo, o filho mais velho de uma família de quatro irmãos que foi diagnosticado com autismo. O livro é narrado por Dalva, a mãe de Ricardo que abre a sua intimidade para dividir conosco suas frustrações, dúvidas, suas conquistas e todas as suas incansáveis tentativas de possibilitar a seu filho especial um bom convívio social além de uma melhor qualidade de vida. Diferentemente de seu primeiro livro onde Dalva descreve a vida de Ricardo desde a infância, neste trabalho a autora mostra a vida de um autista adulto e os dilemas por ele enfrentados.
Inspirado em uma história real, o livro "Mãe Eu Tenho Direitos - Convivendo Com um Autista Adulto" chamou a minha atenção por relacionar os problemas ligados ao autismo de uma forma honesta, muito espontânea e por vezes divertida. Em um relato emocionante, a autora Dalva Tabachi, nos apresenta a vida adulta de seu filho Ricardo, que foi diagnosticado com autismo na infância.
O autismo é um transtorno que afeta o desenvolvimento pleno e é marcado por três características: dificuldade de interação social, problemas com o domínio da linguagem e também por uma repetição frequente de alguns padrões comportamentais. Existe muito preconceito e principalmente e desconhecimento sobre o tema, por isso é válido lembrar que o autismo não é um retardo mental, e que o autista pode levar uma vida normal, com algumas limitações como qualquer outra pessoa.
Ricardo, que demorou muitos anos para falar, tem traços característicos do autismo: ele tem uma forma franca e objetiva de responder, não se preocupa muito com diplomacia ou convenções sociais, distancia-se facilmente da realidade e não costuma revelar suas emoções. Isto fica claro em algumas passagens, como quando a mãe conta que o filho recusou roupas que ganhou de presente de aniversário alegando que já tinha muitas roupas, ou quando ele diz a uma pessoa que não vê há algum tempo que ela está muito gorda e deve parar de comer em excesso. Ele também tem dificuldade em distinguir certo e errado; certa vez pegou bombons na bolsa de uma funcionária de sua casa simplesmente porque os queria.
O protagonista apresenta um grande potencial e se sai bem em muitas atividades, como por exemplo a natação, onde ele compete em alguns torneios inclusive. Tem uma ótima noção musical e toca violão muito bem.
É interessante notar que os pais lidam com o autismo de Ricardo com muita naturalidade. Dalva conta alguns episódios da vida do filho de uma forma leve e divertida. Certo dia Ricardo saiu de seu quarto com o pênis ereto questionando a mãe de uma forma muito espontânea porque aquilo estava acontecendo; o que deixou Dalva surpresa. Em um outro momento ela teve que explicar ao filho como ele deveria se masturbar, já que ele estava utilizando a pia para se satisfazer e isso poderia machucá-lo, como quase aconteceu.
Dalva revela em seu livro todas as implicações do autismo e a sua luta para que seu filho conquiste o máximo de autonomia possível. Desde o começo do livro a mãe zelosa deixa claro que não trata seu filho como um deficiente, mas sim como um filho especial que exige um número maior de cuidados.
Esses cuidados advém da dificuldade de Ricardo para interagir socialmente: algumas atividades rotineiras, como ir a um cinema ou fazer compras implicam em uma mobilização para que ele nunca esteja nunca sozinho, já que esta situação lhe causa insegurança.
Além disto, Dalva se preocupa com a exposição de seu filho à violência ou em qualquer situação inesperada, já que Ricardo tem extrema dificuldade em agir nas situações que fogem da sua rotina. Uma abordagem agressiva na rua, ou até mesmo um assalto podem colocar todo o trabalho de socialização de Ricardo a perder, tornando-o ainda mais introspectivo.
A mãe e toda família tem um trabalho intenso, contínuo e diário na busca pelo progresso de Ricardo. Eles buscam todas as formas possíveis de estimulá-lo, expondo-o ao esporte, música, cinema, e principalmente o amor.
A relação familiar de Ricardo certamente é o maior estímulo para que ele continue obtendo uma melhor qualidade de vida. Sua família é estruturada, ele tem pais dedicados, irmãos amorosos e conta com a paciência necessária incessante de sua mãe que o cerca de cuidados. Mas ao contrário do que possa parecer, Dalva não o mima. A mãe reconhece as limitações do filho mas faz de tudo para que ele supere seus limites e desenvolva seu raciocínio, confrontando-o quando necessário
Todo este cuidado de Dalva reflete diretamente no progresso de Ricado, que sempre será autista mas vem apresentando melhoras dia após dia, desde o momento do diagnóstico. A lição que fica é que não se pode desistir do autista, que exige estímulos e dedicação todos os dias. É uma luta constante mas o resultado pode ser surpreendente.
Fiquei muito feliz em conhecer a rotina desta família e principalmente com a forma natural com que o tema foi abordado. Sem dramas, sem lamentações: o autismo de Ricardo estava ali e eles conseguiram lidar muito bem com isso, da forma mais espontânea possível. Claro que as dificuldades existem, como em qualquer outra família, mas com amor, dedicação e união tudo pode ser superado.
Fiquei muito feliz em conhecer a rotina desta família e principalmente com a forma natural com que o tema foi abordado. Sem dramas, sem lamentações: o autismo de Ricardo estava ali e eles conseguiram lidar muito bem com isso, da forma mais espontânea possível. Claro que as dificuldades existem, como em qualquer outra família, mas com amor, dedicação e união tudo pode ser superado.
* Exemplar Cedido pela Editora.
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