Editora Galera Record
Especial Fernando Sabino
ESPECIAL FERNANDO SABINO: O menino no espelho
05:00Angélica Pina
Para encerrar o ESPECIAL FERNANDO SABINO, uma obra que é um super sucesso!
“O homem disse que tinha de ir embora – antes queria me
ensinar uma coisa muito importante: -Você quer conhecer o segredo de ser um
menino feliz para o resto da sua vida? - Quero – respondi. O segredo se resumia em
três palavras, que ele pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e olhos
nos meus olhos: - Pense nos outros. Na hora achei esse segredo
meio sem graça. Só bem mais tarde vim a entender o conselho que tantas vezes na
vida deixei de cumprir. Mas que sempre deu certo quando me lembrei de segui-lo,
fazendo-me feliz como um menino.”
Lançada em 1982, a obra já teve mais de 70
edições publicadas. Nela, Fernando Sabino conta histórias simples, engraçadas e
fantasiosas da sua própria infância, vivida em Belo Horizonte. Nascido em 1923,
o personagem Fernando narra diferentes aventuras de quando tinha por volta de 8
anos, envolvendo travessuras com os vizinhos e na escola, sua experiência como
escoteiro, o primeiro amor, entre outras. Algumas histórias são imaginárias,
fruto de uma mente de criança inocente, mas muito, muito criativa.
A linguagem é simples e encantadora, de modo que consegue
entreter e divertir os mais jovens e provocar nos adultos uma gostosa nostalgia
e identificação com a própria infância. É bem provável que você faça a leitura
inteira com um sorriso nos lábios!
Em diversas passagens, é possível ver como as crianças
daquela época criavam seus próprios brinquedos e divertiam-se ao ar livre:
“Era pensando em Tarzã que eu subia na mangueira, dava o meu
grito da selva e saltava de galho em galho, chegando mesmo a passar,
dependurado numa corda como se fosse um cipó, para a mangueira do vizinho, do
outro lado do muro. E como se fosse Robinson Crusoé na sua ilha deserta é que
resolvi construir uma cabana no fundo do quintal.”
Fernando é sincero ao contar sobre seu comportamento na
escola e como ele e os colegas aprontavam:
“De outras brincadeiras, a vítima era a própria professora.
Como dona Risoleta, por exemplo, que dava aula de religião. Magricela como a
Olívia Palito, mulher do Popeye, parecia um galho seco dentro do vestido
escuro. Era antipática e ranzinza. Usava óculos de lentes grossas: não
enxergava direito, vivia confundindo um aluno com outro.”
Fala com paixão sobre suas invencionices, deixando claro
como tinha uma imaginação fértil:
“Até que, um dia, uma ideia nova me surgiu na cabeça. Uma
ideia tão doida, que eu não teria coragem de contá-la para ninguém: pensariam
que eu tinha ficado completamente maluco e me internariam num hospício. Não me
veio de repente, mas aos pouquinhos, depois de observar vários fatos miúdos que
aconteciam comigo, e que fui ligando a outros até chegar a uma conclusão.”
E mostra que, apesar das travessuras, era uma criança com um
coração puro:
“Quando alguém fazia alguma coisa contra mim, antes de ficar
com raiva eu pensava que ninguém pode ser tão ruim a ponto de desejar mal aos
outros. Se aconteceu é porque ele perdeu a cabeça, ou então porque não entende
direito as coisas, é burro ou ignorante – se eu fosse assim também, em seu
lugar faria o mesmo.”
O título do livro provém do episódio que ele conta sobre
quando decidiu que queria encontrar um “sósia” e como viveu isso através do
espelho do seu quarto:
“Porque diabo eu queria encontrar alguém igual a mim? É o
que ficava pensando, a olhar a minha própria figura refletida no espelho. Eu
não achava graça nenhuma em mim, confesso que desde então eu já não era o meu tipo.
Mas era comigo mesmo que eu tinha de viver e, neste caso, um menino feito
aquele ali diante de mim é que eu gostaria de encontrar, sem tirar nem pôr.”
A grande novidade sobre essa obra é que em breve será lançada sua versão
nos cinemas. Esse ano foram feitas as filmagens e o lançamento do filme é
previsto para janeiro de 2014.
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