Quentin Jacobsen
(chamado de Q. pelos amigos) é o típico nerd e está prestes a se formar no
colegial. Ele é apaixonado por Margo Roth
Spiegelman, sua vizinha desde criança e colega de escola. Eles foram
muito amigos durante a infância, mas agora eles mal se falam, pois Margo é a
garota mais popular da escola e vive rodeada de outras pessoas. Ele a admira à
distância e pensa sempre nela e nas experiências que tiveram juntos anos atrás.
Certa noite, Q. está prestes a dormir e Margo
bate à janela de seu quarto, vestida de ninja e o intima a ajudá-la numa
missão. Ele não consegue negar ajuda à garota que ele praticamente idolatra e
embarca na aventura com sua vizinha maluca. Maluca, pois o plano de vingança contra
seu ex-namorado e alguns amigos que ela tem estabelecido e precisa da
colaboração de Quentin dura a madrugada inteira e contém partes totalmente
inusitadas e engraçadas.
No dia seguinte o garoto vai pra escola cheio
de expectativas, imaginando que Margo irá se aproximar dele e irão estabelecer
um novo nível de relacionamento, mas ela simplesmente não aparece na escola.
Ele descobre através da despreocupada família da garota que essa já é a quarta
ou quinta vez que ela some e volta depois de alguns dias. Os pais de Margo, na
verdade, já estão cansados de sua rebeldia e alegam que agora ela já tem 18
anos e é responsável por seus atos. Acontece que os dias passam e Quentin se
preocupa com a falta de notícias de sua amada, por isso começa a procurar
pistas para tentar descobrir o paradeiro da garota. Ele embarca numa obstinada
e incansável busca, envolvendo seus dois melhores amigos, Radar e Ben, e Lacey,
a melhor amiga da desaparecida.
Em meio a muito mistério e pistas confusas e
incompletas, Q. começa a descobrir uma nova Margo, que até então ninguém
conhecia. A menina idealizada por ele e por muitos que conviviam com ela é bem
diferente daquela que deixou rastros que levam a uma menina solitária,
insegura, cheia de questionamentos. A partir daí, a história segue com um tom mais
filosófico, com muitas reflexões e lições a serem tiradas, típico de John
Green. Aliás, o estilo de Green utilizado em suas outras publicações fica bem
nítido também nesse seu mais recente livro.
Cidades de papel tem personagens
muito bem construídos, totalmente críveis, com personalidades singulares e
bastante interessantes. Vale ressaltar que, assim como em todos os outros
livros do autor, os personagens são adolescentes, portanto não há de se esperar
muita maturidade deles e de seus relacionamentos. Mas a história é inteligente,
com humor na medida (aliás, John Green sempre manda muito bem com os toques de
humor que insere em suas narrativas) e tem o poder de transformar o modo de
pensar de seus leitores sobre certos assuntos. Ele mostra a peculiaridade das
famílias de cada um dos personagens com uma habilidade incrível, de forma que
quem lê acaba se envolvendo profundamente com cada um deles e se identificando
com muitas situações. Destaque para o título do livro, que faz todo sentido no
decorrer dos acontecimentos e não podia ser melhor.
Leitura super recomendada, garantia de boas
risadas e muita reflexão!
“(...) assim começou um curto diálogo de mim comigo mesmo: Eu: Mas e os ratos? Eu: É, mas parece que eles ficam lá no teto. Eu: E as lagartixas? Eu: Ah, fala sério. Você costumava arrancar o rabo delas quando era criança. Você não tem medo de lagartixa. Eu: Mas e os ratos? Eu: Ratos não machucam ninguém. Eles têm mais medo de você do que você deles. Eu: Ok, mas e os ratos? Eu: Cale a boca.”
“É muito difícil ir embora – até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo.”
“Talvez a certeza de que ela está viva torne tudo isso possível de novo – mesmo que eu nunca tenha a prova disso. Eu quase posso imaginar uma felicidade sem ela, a capacidade de deixá-la ir embora, de sentir que nossas raízes estão interligadas mesmo que eu nunca mais veja aquela folha de relva novamente.”
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