Cinema Pausa Para o Cinema

PAUSA PARA O CINEMA: Faroeste Caboclo

11:31Isabela Lapa


Sinopse: João (Fabrício Boliveira) deixa Santo Cristo em busca de uma vida melhor em Brasília. Ele quer deixar o passado repleto de tragédias para trás. Lá, conta com o apoio do primo e traficante Pablo (César Troncoso), com quem passa a trabalhar. Já conhecido como João de Santo Cristo, o jovem se envolve com o tráfico de drogas, ao mesmo tempo em que mantém um empregro como carpinteiro. Em meio a tudo isso, conhece a bela e inquieta Maria Lúcia (Ísis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo), por quem se apaixona loucamente. Os dois começam uma relação marcada pela paixão e pelo romance, mas logo se verá em meio a uma guerra com o playboy e traficante Jeremias (Felipe Abib), que coloca tudo a perder.



Nossas impressões:

Baseado na música homônima do eterno cantor e compositor Renato Russo, o filme Faroeste Caboclo é sem dúvida uma grande produção do cinema nacional.

No filme, assim como na música, conhecemos João de Santo Cristo, um cidadão pobre, sem fé na vida e revoltado em razão dos preconceitos que sofre por ser negro e pobre. João abandona a pequena cidade onde nasceu e vai para a "cidade grande" em busca de novas experiências. Na viagem leva consigo apenas as lembranças do seu passado traumático e marcado por tragédias.

Porém, enquanto na música o foco é a vida de João, as dificuldades que enfrentou no caminho e a questão das injustiças sociais, no filme, apesar dessas questões serem mostradas, existe um grande destaque para a relação dele com a Maria Lúcia, uma menina rica, universitária e filha de político, mas que também estava desestimulada com a vida que levava.  

Muitas partes da música não foram mencionadas e diversos pontos de vista foram alterados e adaptados pelo diretor René Sampaio. Quem espera ver uma descrição idêntica e fiel à música com certeza irá se decepcionar. 

No entanto, ao meu ver, a licença poética de René Sampaio conferiu autenticidade à trama e não causou uma perda no aspecto principal da canção: a crítica à corrupção, à discriminação, ao abuso de poder e às diferenças sociais gritantes (temas que apesar de terem sido tratados em uma música escrita em 1979, se mantém completamente atuais e, infelizmente, estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano). 


Além disso, o filme conta com um excelente roteiro, atuações brilhantes e sintonia perfeita entre os atores. 

Um destaque foi o ator Fabrício Boliveira, que representou o João de Santo Cristo. A sua atuação foi impecável em cada cena, em cada close e em cada olhar. Impossível não perceber (e até sentir) as suas emoções e as suas dores. Merece aplausos de pé! 

Também é essencial mencionar que filme contou com uma produção musical maravilhosa e uma fotografia inspiradora, com cenário e figurino perfeitamente adequados à época e ao estilo de filme. 




Uma versão atualizada:

Os roteiristas do filme, Victor Atherino e Marcos Bernstein, optaram por não seguir a versão original da música para que o filme pudesse adquirir uma imagem mais atual. 

Isto porque, a imagem de um "bom bandido", uma pessoa que é exclusivamente "vítima da sociedade", não tem nexo atualmente. 

Da mesma forma, não faria o menor sentido um duelo na mídia, diante de uma "via-crúcis que virou circo". Os roteiristas optaram, portanto, por uma morte solitária de João, que representa as inúmeras mortes do cotidiano, que acontecem longe dos olhos da população e não recebem a devida atenção das instituições políticas. 

Trailer:


Li (no blog Sempre um Filme) e concordei:


"Adaptar uma música como Faroeste Caboclo para o Cinema pode ser considerado tão arriscado quanto produzir um filme baseado em alguma obra literária. A letra da canção de Renato Russo narra uma verdadeira epopeia que poderia ter sido escrita em centenas de páginas, mas foi gravada em pouco mais de nove minutos.



Havia, portanto, dois caminhos a serem evitados pelo diretor René Sampaio: ser fiel demais à obra original e não se justificar como Cinema; ou descartar a música como fonte e acabar por desfigurá-la por completo. Felizmente, Sampaio prefere o meio termo entre essas duas opções e acaba realizando um interessante longa-metragem de estreia."


Leitores, vocês já viram o filme? O que acharam? Opinem e participem conosco!






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1 comentários

  1. Haha, ótima postagem! Já vi o filme a uns dias e também gostei muito! Acho que o diretor realmente seguiu o caminho certo na hora de fazer o filme. Acho que a música estava MUITO presente sim no filme, e as adaptações foram super aceitáveis... afinal, se fosse fazer a letra da música ao pé da letra não seria um filme, mas sim um clipe de 9 min.
    a-meninadajanela.blogspot.com

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