A autora, de 94 anos, sentia dores nas costas quando foi internada no início do mês. Segundo sua cuidadora particular, Iva Maria do Carmo Nunes, ela mantinha-se consciente momentos antes de sua morte. O óbito ocorreu às 15h. 

Nascida em 1919 no distrito de Petrogrado, São Petersburgo, Rússia, veio ao Brasil ainda criança em uma longa viagem de navio. Na ocasião, entre os pertences, trouxe um livro em russo - idioma que falava com plena fluência na vida adulta - e o preservou ao longo da vida. Em sua casa, por muitos anos, uma enorme biblioteca cobriu as paredes da sala. Leitora de clássicos, Belinky considerava Os Irmãos Karamazov a obra-prima de Dostoiévski. Dom Quixote, de Miguel Cervantes, estava personalizado em um enfeite prateado que habitou uma de suas mesas trabalho.

Memória

A autora foi uma das pioneiras a trabalhar com a televisão no Brasil. Na década de 1950, ao lado do marido Júlio Gouveia (1914-1988), escreveu diversos roteiros de teleteatro e ambos foram responsáveis pela primeira adaptação televisiva de Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Em uma longa carreira ligada à literatura, a autora de uma vasta lista de títulos traduziu, adaptou clássicos universais, colaborou com a imprensa, realizou diversas palestras, além de participar com frequência de encontros com o público.

Em um deles, contou-me, uma criança comentou que gostava tanto de seus livros quanto futebol. Para a autora, nada mais alegre do que a comparação. Na entrevista, no início da década passada, disse-me que se considerava um "feixe de influências", pois buscava no cotidiano motivações para a escrita. Ainda na ocasião, ao retomar sua trajetória, disse-me que se lembrava de tudo, motivo pelo qual, insistia, tinha muitas histórias para contar.

Alguns livros:

Fonte: Café de Outubro