O escritor moçambicano Mia Couto, de 57 anos, foi o vencedor do Prêmio Camões 2013, o principal prêmio para autores em língua portuguesa. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, onde os jurados se reuniram. A escolha foi unânime. Couto possui uma vasta obra que transita entre diversos gêneros, do romance à crônica, do conto à poesia. Entre suas principais obras publicadas no Brasil estão "A confissão da leoa", "Terra sonâmbula", "O último voo do flamingo", "Antes de nascer o mundo", todos editados pela Companhia das Letras.
O júri foi formado pelos portugueses José Carlos Vasconcelos, escritor, jornalista e diretor do "Jornal de Letras", e Clara Crabbé Rocha, professora da Universidade Nova de Lisboa os brasileiros Alcir Pécora, crítico e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Alberto da Costa e Silva, diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras; o escritor de Moçambique João Paulo Borges Coelho e o escritor angolano José Eduardo Agualusa. É a segunda vez que um moçambicano ganha o prêmio. O primeiro foi José Craveirinha, em 1991. O Prêmio Camões dá 100 mil euros ao vencedor.
Mia Couto é filho de imigrantes portugueses e nasceu em 1955, na cidade de Beira, a segunda maior do país atrás apenas da capital Maputo. Na juventude, o escritor integrou o movimento pela libertação de Moçambique da dominação de Portugal. Após a independência, em 1975, trabalhou como jornalista em vários veículos e chegou a assumir o posto de diretor da Agência de Informação de Moçambique. Na década de 1980, ele voltou à universidade - onde tinha iniciado os estudos em Medicina - para cursar Biologia e exerceu profissão por muitos anos no país.
Seu estilo particular é marcado pela forte utilização da linguagem oral. Nos seus livros, o tema da identidade e do encontro entre culturas radicalmente diferentes está muito presente. Um feroz defensor do multiculturalismo e do respeito pelas diferenças, ele criticou a ascensão de movimentos conservadores ultra-nacionalistas, como o Tea Party, nos Estados Unidos, em entrevista ao GLOBO em 2011: "Estamos colhendo os frutos desse pensamento unidimensional, daquilo que é simplesmente fantasmagórico, que é a pureza, a rejeição do outro, a incapacidade de sairmos de nós próprios".
Fonte: O Globo
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