Livros
Memórias Póstumas de Brás Cubas
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, DE MACHADO DE ASSIS
13:51Kellen Pavão
A resenha desta semana traz para vocês o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de
Assis.
Sinopse: É um dos livros que
marcam o início do nosso Realismo. Um romance narrado em primeira pessoa, por
um defunto, Brás Cubas, preocupado em rememorar os fatos mais marcantes de sua
vida. Ele não só abre o seu íntimo, como também revela as dissimulações e as
vaidades das pessoas que conheceu. Lembra a sua juventude ao lado de Marcela,
seus anseios e as suas aspirações, as relações amorosas com Virgília, esposa de
Lobo Neves e a teoria do Humanitismo, do filósofo maluco Quincas Borba.
Destaques: Antes de falar sobre o enredo, gostaria de
fazer algumas considerações sobre a obra. Apaixonei-me por este livro na adolescência
quando fui apresentada a Machado de Assis em virtude de um trabalho escolar.
Desde o começo a escrita irônica e crítica do autor me chamou a
atenção e me encantou. Infelizmente isto
não acontece com todos que o lêem já que, na maioria das vezes, as escolas e
professores acabam impondo uma leitura de algum grande autor antes dos alunos adquirirem maturidade para interpretar
obras mais complexas, e sem auxíliá-los a para compreender o livro, o que faz com que alunos saiam “traumatizados”
da escola, adquirindo uma antipatia de certos livros ao invés de apreciá-los.
Isto é tão comum que muitas pessoas nunca mais se dedicaram a ler algum autor
nacional e alguns até perdem o prazer da leitura.
Sobre o livro, devo dizer que este grande sucesso de Machado de
Assis já é diferente desde o começo, uma vez que o narrador está morto. Ele revela
suas memórias póstumas, sob o seu atual ponto de vista (o de morto) e isto faz
com que Brás Cubas se dispa de qualquer pudor para criticar a toda a hipocrisia
da sociedade da qual fazia parte. Ele se vê livre das amarras e convenções
sociais e dos jogos de interesses que o rodiavam, e se sente livre para criticar
de forma ácida tudo aquilo que lhe incomodava em vida.
Um dos primeiros representantes
do realismo, Memórias Póstumas de Brás Cubas não apresenta um enredo complexo
e narra uma história até corriqueira, mas o que chama atenção mesmo é a escrita
sofisticada, seu humor ácido e as críticas até então veladas de Brás Cubas.
Esta narrativa póstuma faz com
que a obra se torne ainda mais sincera, como se o autor tentasse provar a
qualquer custo que uma vez que está morto, não se importa com as consequências do que
diz. E através desta narrativa, Brás Cubas tenta mostrar que não fez nada de
importante ou de significativo em sua vida. O que torna o livro interessante é
a forma como Brás destaca sua insignificância e as dissimulações e jogos de
interesses tão comuns na burguesia da qual ele fazia parte.
Ao longo da história Brás demonstra
que era um homem rico, solitário, meio rabugento e extremamente sarcástico. Seu
cinismo está presente em suas narrativas, quando manda o amigo Quincas Borbas
trabalhar por exemplo, sem que ele mesmo nunca tenha trabalhado. Este sarcasmo de Brás Cubas é
responsável pelo humor negro do livro, tornando-o discretamente engraçado.
O destaque está na forma como Brás narra seus romances e
relacionamentos, sendo o primeiro com Marcella, e
depois Eugênia. Depois Brás Cubas se decepciona com Virgília, pretendente que
acabou se casando com outro homem. Ele envolve-se com Nhã-loló, mas a garota
morre aos 19 anos frustrando os planos de casamento de Brás. Ao longo da vida
ele encontra seu amigo de infância Quincas Borba e torna a se envolver (às
escondidas) com Virgília que está casada.
Brás morre aos sessenta e quatro
anos sem nenhum grande feito. No entanto, ironicamente Brás Cubas teve seu nome
eternizado em um dos maiores clássicos
da literatura nacional.
Citações:
"Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar..."
"Não acabarei, porém, o capítulo sem dizer que vi morrer no hospital da
Ordem, adivinhem quem?... a linda Marcela; e vi-a morrer no mesmo dia em
que, visitando um cortiço, para distribuir esmolas, achei... Agora é
que não são capazes de adivinhar... achei a flor da moita, Eugênia, a
filha de D. Eusébia e do Vilaça, tão coxa como a deixara, e ainda mais
triste”.
"Trata
de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do
choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso
incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a
lei, e trata de aproveitá-la."
"Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. "
2 comentários
Simplesmente amo esse livro
ResponderExcluire esse homem fez parte da minha vida escolar *__*
achei seu blog no FUNHOUSE seguindo e amando td aqui flor me faça um visita bjss
http://belasunhas13.blogspot.com.br/
Muito, muito, muito bom esse livro.
ResponderExcluirTerezinha
Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...