Contém
spoilers:
Esta semana falaremos desta história belíssima que começou nos livros, se tornou um famoso musical, filme e este ano
ganhou uma nova adaptação do gênero musical que estreou nos cinemas de todo Brasil. Para falarmos deste filme, traremos neste
texto alguns detalhes do desfecho da história, então se você ainda não viu o
filme e quer se manter longe dos spoilers, melhor evitar ler as próximas
linhas.
Baseado na história criada
por Victor Hugo (cuja adaptação foi comentada aqui no blog), “Os Miseráveis” traz
para as telas do cinema uma história intensa, de muita emoção e entrega. A obra
narra a vida de Jean Valjean, um homem pobre que foi severamente punido ao
furtar um pão para alimentar a sobrinha faminta. Através da história de Valjean, Victor
Hugo faz um importante retrato da França (onde se passa a história), trazendo
elementos históricos, econômicos e sociais que dizem respeito ao período em que se passa a trama.
Temos
um amplo parecer da desigualdade social e da miséria que assolava à maioria dos
franceses, motivando a Revolução Francesa e a defesa de seus ideais, também retratados no
filme e no livro. Valjean é libertado e após inúmeras negativas de trabalho e de ajuda ele conhece um padre que muda sua história, dando-lhe uma oportunidade de reconstruir sua vida. Seu ódio cede lugar ao amor e Jean passa a ajudar todos ao seu redor, o que não impede a perseguição de Javert.
Dito isto, vamos aos detalhes do filme.
Se eu tivesse que definir os 157 minutos de “Os Miseráveis” em uma única
palavra seria entrega. Entrega dos atores, da produção e de todos que criaram esta obra prima cinematográfica. Trata-se de uma produção grandiosa, com locações
fantásticas, figurino, maquiagem, elenco impecáveis. As características
técnicas fazem jus às indicações e premiações que o filme vem conquistando, assim como o sucesso que tem feito com o público e crítica.
No entanto, peço licença para deixar
tudo isso de lado e falar especialmente das atuações e da entrega que mencionei
acima. Logo após o filme li alguns comentários de pessoas que acharam o filme
muito dramático (o que é verdade). No entanto, ao contrário destas pessoas não vejo
isto como um ponto negativo do filme. As interpretações são tão verdadeiras e
convincentes, que se torna impossível não se emocionar com os personagens
injustiçados e vítimas das desigualdades da França do século XIX retratadas por
Victor Hugo, de modo que a intensa carga de drama não soa apelativa e combina
com o aspecto teatral do filme, inspirado no famoso musical homônimo.
Como não se emocionar com a
Fantine de Anne Hathaway cantando “I Dreamed a Dream”, ou não se sensibilizar com o
sofrimento e as injustiças vivenciadas pelo Jean Valjean de Hugh Jackman? Como
evitar as risadas provocadas pelo núcleo cômico composto por Helena Bonham
Carter e Sacha Baron Cohen, ou não se encantar com a pequena Cosette e o destemido Gavroche?
O fato dos atores não serem
cantores profissionais tem rendido muitas críticas e incomodado muitos
profissionais do cenário musical. No entanto, como expectadora digo que até as falhas vocais se
tornam secundárias diante das interpretações deslumbrantes e da entrega dos
atores aos personagens. Não sei se outras pessoas tiveram a mesma sensação, mas
em vários momentos tive vontade de cantar junto com os personagens, tamanho
envolvimento com a história.
O filme é cheio de vida,
emoção e verdade como bem transmitiu (na minha opinião) o Javert de Russell Crowe, que vem sendo
duramente criticado por sua atuação musical. Os atores mirins tiveram grande
destaque nas poucas cenas em que atuaram e não deixaram a desejar em nenhum
momento. A revolução é um momento bem interessante e revela a luta dos estudantes franceses por liberdade, igualdade e melhores condições de vida, contada juntamente com o drama de Jean perseguido incessantemente por Javert.
O final é
apoteótico e reúne todos os atores do filme em um dos encerramentos mais emocionantes
que já tive oportunidade de ver no cinema. No que diz respeito aos comentários
negativos que apontam um “excesso” de músicas, só tenho a dizer que o filme integra o gênero musical, e o fato de conseguir contar uma trama tão rica exclusivamente
através de músicas só o torna ainda mais incrível.
Assim, por meio do filme "Os Miseráveis" fomos apresentados à
história de Jean Valjean, desgraçado por um homem que só acreditava nas leis e salvo por outro homem que acreditou na sua mudança e no seu potencial, o padre que mudou a sua vida e ajudou a erradicar
todo o ódio que havia em seu coração. Uma linda história de garra, superação e esperança. Certamente figurará entre os melhores musicais já exibidos no cinema!
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