Neste livro, o jornalista e escritor Klester Cavalcanti relata, de forma sensível e humana, toda a dor e todo o sofrimento que passou nos dias em que ficou preso na Síria, durante a gerra civil.
O jornalista saiu do Brasil com visto de imprensa válido, obtido no Consulado da Síria no Brasil, com o objetivo de acompanhar a ação dos grupos do Exército Livre da Síria contra as forças do governo e vivenciar um pouco do cotidiano de uma sociedade em meio ao contexto da guerra.
A intenção de Klester era chegar à cidade de Homs, onde a guerra estava mais intensa. Mesmo sendo avisado inúmeras vezes acerca do risco de ir até o local e dos perigos envolvidos, ele manteve seu propósito e encontrou uma maneira de chegar à tão temida cidade.
Contudo, pouco tempo depois de ter entrado na cidade de Homs, o jornalista foi detido em uma barreira militar e preso.
Inicialmente, Klester foi enviado para um prédio público, onde foi torturado e teve o seu rosto queimado com cigarro. De lá foi para a Penitenciária de Homs, onde viveu os seis piores dias de sua vida.
Sem falar uma palavra em árabe e desconhecendo as razões pelas quais havia sido preso, ele enfrentou dias difíceis e que lhe pareciam intermináveis.
O relato é bem interessante e prende o leitor. O jornalista, ao mesmo tempo em que narra os seus sentimentos, descreve com riqueza de detalhes tudo o que viveu e viu: guerra, sofrimento, mortes, desrespeito à dignidade humana, pobreza etc.
Também é importante mencionar que o livro proporciona um aprendizado não só sobre a guerra e os seus motivos. A leitura nos mostra um pouco sobre o país e a sua cultura. Por meio dela, podemos conhecer uma cultura diferente e um povo sofrido, mas de fé inabalável e com uma enorme capacidade de amar o próximo.
A escrita é simples e direta, o que faz com que a leitura flua rapidamente. Um livro que por inúmeras razões merece ser lido! Emociona e permite uma grande reflexão sobre o ser humano (o que a necessidade de poder pode causar, o quanto a fé pode ajudar a superar dificuldades etc).
Passagens:
Tive certeza de que seria assassinado ali. Fechei os olhos, entreguei a alma a Deus e continuei descendo, com a cabeça abaixada e tateando com os pés no chão. Senti medo. Muito medo. Mas era um medo tranqüilo, resignado. Não havia nada que eu pudesse fazer. Aceitei a morte. (p. 110)
A palhaçada do cabeça raspada levou todos na cela a sorrir. Exceto eu. Para eles, aquela vida já parecia normal, aceitável. Havia uma rotina nos dias dos meus parceiros de prisão. E lavar o chão toda manhã fazia parte dela. Eu jamais iria aceitar aquela vida desgraçada. Melhor morrer. Vendo Ammar usar um rodo para tirar a água da cela, empurrando-a para o corredor da nossa ala, voltei a imaginar o que um homem aparentemente bom e sensato como ele poderia ter feito para estar naquela situação. (p. 154)
Sobre o escritor:
(Fonte: Portal dos Jornalistas)
Klester Cavalcanti é nascido em Recife (PE), formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) – Recife/PE.
Autor de três livros (Viúvas da Terra, O Nome da Morte e Direto da Selva) e duas vezes premiado com o Jabuti de Literatura. Vencedor de vários prêmios jornalísticos no Brasil e no Exterior.
Foi correspondente na Amazônia para a revista Veja e é editor-executivo de IstoÉ Gente online, após ter passado pelas revistas Terra, Viagem e Turismo, VIP, entre outras.
2 comentários
só tenho a agradecer pelo livro e bravura de Klester! Obrigado.
ResponderExcluirsó tenho a agradecer pelo livro e bravura de Klester! Obrigado.
ResponderExcluirObrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...