“Vida”, sinceramente não imagino um título mais propício pra definir um livro sobre Keith Richards, guitarrista dos The Rolling Stones.
Um garoto que nasceu dos subúrbios de Londres em Dartford e ganhou o mundo. Um homem que viveu com intensidade cada ano de sua vida, que foi preso, experimentou todos os tipos de drogas que teve curiosidade, que se casou duas vezes, conheceu muitas mulheres pelo mundo a fora, que teve quatro filhos e alguns netos. É o quarto melhor guitarrista do mundo, compositor de vários hinos que guiaram e guiam jovens por todo o mundo, perdeu alguns bons amigos para as drogas. Um homem que viveu em Barbados, Jamaica, República Dominicana, Buenos Aires, Paris, Estados Unidos, Canadá, Suíça, ufa. Enfim, um homem que tem a flor da pele os encantos e terrores de viver uma vida sem medo do amanhã.
O livro tem uma leitura deliciosa (em 90% do texto) para quem gosta de rock e/ou tem curiosidade sobre a vida de um astro do rock que tem o antigo e verdadeiro espírito rock and roll. É contado tudo que um fã tem interesse em saber como, por exemplo, como foi e se realmente foi feita à transfusão total de sangue de Keith. Trechos com depoimentos de pessoas envolvidas de alguma forma na história de Richards, como sua ex-mulher Anita, sua atual Patti, músicos como Tom Waits, o produtor Dom Was e seu filho Marlon.
As drogas são os melhores trechos do livro, pois Keith não faz disso uma história moralista, ele fala a reação real da droga. Em muitos momentos você chega a pensar que ele faz uma “apologia”, o que não é verdade de maneira nenhuma. Mas como nada é perfeito, tem momentos realmente chatos e se você não é músico profissional ou não tem um conhecimento teórico sobre música e afins o texto fica cansativo e a leitura lenta (mas essa parte do livro não chega a 10%).
Crua e feroz essa biografia abrange seus amores, filhos, amigos de estrada, groupies, drogas, discos, dinheiro, exílio na França, relacionamento com os pais, sua infância em um bairro pobre de Londres ouvindo obsessivamente os discos de Chuck Berry e Muddy Waters, a conturbada relação com Mick Jagger, entre muitos outros assuntos polêmicos e intensos.
Todos que me conhecem, ou que já leram alguns dos meus textos percebem como a música, em especial o rock, é importante para mim. Ler cada linha desse livro sobre um dos meus ídolos é como se o mundo parasse e eu só conseguisse ouvir cada melodia da guitarra de Keith Richards, é como se as músicas dos The Rolling Stones me inspirassem.
Com uma honestidade rasgada, “Vida” foi escrito por Keith Richards e James Fox em 2010, em 2012 a banda The Rolling Stones completou 50 anos e Keith 69 anos, com ânimo e talento de 40. Espero que venham muitos anos na vida de Keith, Ronnie, Mick e Charlie, a música precisa sempre mais e mais de artistas natos e talentos que vão além do marketing.
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