Livros Morte Súbita (The Casual Vacancy)

MORTE SÚBITA (THE CASUAL VACANCY), DE J.K. ROWLING

05:49Isabela Lapa



O livro começa com uma morte. Uma morte súbita (o que justifica o título em português). O morto é o Sr. Barry Fairbrother, membro do Conselho da pequena cidade de Pagford. Com o acontecido, o seu lugar no conselho fica vago, uma vacância casual (o que justifica o título em inglês – The Casual Vacancy). 


A partir deste fato, a escritora começa a apresentar os personagens da história. Mostra o cotidiano de cada um, alguns detalhes da personalidade e a reação deles diante da notícia do falecimento do Sr. Barry. 

A verdade é que aquela cidade pequena, com uma praça central e característica típicas de um vilarejo comum, esconde diversos problemas: brigas de filhos com pais, péssimos relacionamentos entre maridos e esposas, guerra entre pobres e ricos, brigas de professores com alunos etc. 

A “guerra” diária vivida pelos moradores do local é intensificada pela morte de Barry e a situação dos moradores se torna mais tensa. A opinião dos ricos e dos pobres se divide ainda mais e a necessidade pelo poder e pela auto-afirmação faz com que algumas pessoas ajam de uma maneira que nunca imaginaram. 

Em meio a este contexto, temas extremamente atuais são tratados: política, bullying, uso de drogas, ansiedade, racismo, estupro, auto-flagelação etc. 

A história é muito bem escrita e consegue prender o leitor. Apresenta inúmeros personagens, todos complexos e com características peculiares. Em cada um deles conseguimos visualizar o momento bom, o momento cruel, o que lhes tornam vítimas, vilões, tolos, amantes etc. 

Não existe, nesta leitura, nenhum momento de encanto, de magia, de poesia. Pelo contrário! A escritora descreve, com riqueza de detalhes, sobre a presunção dos que tem tudo nas mãos e o desespero daqueles que não possuem nada. É um livro duro, que demonstra a crueldade das pessoas e a amargura de uma sociedade. 

O final é digno da história. Me emocionei ao perceber o quanto as pessoas são más e o quanto a tristeza de alguns pode ser o motivo da felicidade de outros. Não tem nada de final feliz, redenção e mudança de valores. Exceto por alguns personagens, todos permaneceram exatamente iguais, mesmo diante de tantos acontecimentos. 

Uma passagem me chamou a atenção e merece destaque:

"Na sua opinião, o maior erro de noventa e nove por cento das pessoas é ter vergonha de serem quem são, é mentir a esse respeito, fingindo ser alguém diferente. A honestidade era a sua marca, a sua arma, a sua defesa. 
(...)
O mais difícil, a verdadeira glória era ser quem a gente realmente é, mesmo quando se trata de uma pessoa cruel ou perigosa, aliás, especialmente nesses casos. É preciso ter coragem para não tentar disfarçar o animal que calhou ser. (...)" (P. 77)


Classifico o livro como intermediário. Ou seja, não será listado como inesquecível, mas tem qualidade, boa trama, bons personagens e uma amostragem bem complexa acerca da realidade de uma sociedade.

You Might Also Like

8 comentários

  1. Infelizmente, senti-me defraudada com a leitura deste livro que, aliás, deixei a meio... Fui leitora assídua de J. K. Rowling e fiquei muito dececionada com as histórias cruas e, na minha modesta opinião, pouco sustentadas que nos apresenta

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Rita! Obrigada por contribuir com a sua opinião. Achei as histórias muito duras, mas ao meu ver não foram mal sustentadas. Como eu mencionei, não foi um livro inesquecível, mas considerei bom!

      Excluir
    2. É a partir de opiniões diferentes que se cresce na leitura! Para já, ficou na estante. Quem sabe não lhe volto a pegar daqui por muitos anos?

      Excluir
    3. Com certeza Rita! E tente novamente depois. Eu sempre digo que livros tem fases. Aconteceu isso comigo e A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS. Comecei e larguei. Esse ano peguei novamente e me encantei! Abraços e participe sempre...

      Excluir
  2. Li e não recomendo.Nem vou emprestar porque considero que nosso tempo é curto e não devemos perdê-lo com livros que não nos acrescentam.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Janet, apesar da crueldade das histórias e da mudança do estilo da JK, achei o livro bom e bem fundamentado. Mostrou o lado cruel do ser humano. Uma visão que poucas pessoas mostram.

      Obrigada por contribuir com a sua opinião e volte sempre por aqui.

      Abraços!

      Excluir
  3. Kakath Castro22:59

    louca pra ler esse livro já que é da minha escritora favorita :)

    ResponderExcluir
  4. Ainda não tive coragem de comprar e ler este livro. Disseram-me mesmo da crueza existente no livro, que qualquer leitora de Harry Potter poderia estranhar, mas não é por isso que não o li. Há tanto contra e a favor dele que não sei o que pensar ainda... Honestamente, ainda não fui é com a cara dele..rsrsrs.. Mas pretendo adquirir tão logo uma super-mega-blaster promo ocorra! =)

    ResponderExcluir

Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato