Valter Hugo Mãe é um autor marcante e inesquecível! A forma que ele escreve e conduz as suas narrativas faz com que a leitura flua naturalmente, emocione e transforme. Terminamos todos os seus livros com novos sentimentos e novas descobertas sobre o amor, a dor, a convivência e a razão de existir. 

Ler A Máquina de Fazer Espanhóis possibilita refletir sobre a morte, a solidão e os recomeços. O Sr. Silva, nosso protagonista, passa a morar no asilo Feliz Idade após perder a esposa que lhe acompanhou por 46 anos. Inicialmente, ele opta por viver isolado, carregando as suas dores e as suas revoltas, principalmente a revolta com Deus. 

Contudo, com o passar do tempo, os gestos de carinho e simpatia dos outros moradores da casa começam a tocar o seu coração e entre uma conversa e outra, ele descobre que todos carregam as suas próprias dores e abandonos, contudo, mesmo assim é possível seguir em frente e descobrir novos sentimentos e encantamentos. 

Os personagens do livro são muito envolventes e a história é rica em informações, já que os moradores do Idade Feliz sofreram muito com o período da ditadura portuguesa sob o domínio de Salazar e, com isso, tem muito a contar e a relatar. 

Com letras minúsculas no estilo Saramago, o escritor criou uma história sobre recomeço e descreveu a realidade de muitas pessoas que precisam se perder para então se encontrar. Com a linguagem poética de sempre, mergulhamos completamente no livros e nos tornamos íntimos dos personagens tão humanos, tão imperfeitos e tão surpreendentes!

Mais uma história maravilhosa e emocionante, que me tocou de forma particular!

Recomendo todos os dias!