Crítica de Rogério Coelho

Louco- Fuga, de Rogério Coelho

07:51Universo dos Leitores



Acredito que a maioria de vocês já conheça o Projeto Graphic MSP, de Maurício de Souza, que propõe uma releitura de personagens da Turma da Mônica. Depois de tantos trabalhos e personagens incríveis, chegou a vez de falar de um personagem diferente, peculiar e muito especial: o Louco. 


Entre tantos personagens icônicos e carismáticos da Turma da Mônica, Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira, mais conhecido como Louco, sempre foi meu favorito. Era difícil vê-lo, já que suas intervenções eram sempre inesperadas, confusas e sempre no melhor estilo nonsense. Por estas e tantas outras razões sempre me encantei pelas aparições engraçadas e lúdicas do Louco. 


Agora, dando sequência ao projeto Graphic MSP, o quadrinho Louco - Fuga, traz um narrador/contador de histórias que foge pelas páginas e atravessa diversas histórias buscando um pássaro amarelo que precisa ser libertado. O interessante é que lemos a história pelos seus olhos, ou seja, por sua perspectiva. 

Caso você não conheça o Louco, saiba que ele não pertence a nenhum lugar, ninguém sabe para onde ele vai ou de onde vem; talvez só ele saiba (ou não). Essa liberdade sempre fez com que eu enxergasse o personagem com bastante leveza e curiosidade. 

O que sabemos sobre ele? Sua mente o leva para onde quiser, de forma literal ou fantástica, mas sempre sob uma perspectiva lúdica e singular. Com a imaginação que só as crianças tem, o Louco sempre se permitiu sonhar e ver o mundo à sua maneira, o que também acontece em Fuga.


Mas o louco será mesmo louco ou, como diria Raul Seixas, "é o mundo que não entende sua lucidez?" Prefiro acreditar na afirmação da Lagarta de Alice no País das Maravilhas de que “somos todos loucos aqui”

Talvez o Louco seja sim lúcido, à sua maneira. Suas aparições podem ser repentinas, estranhas ou inesperadas, mas representam a forma única com que ele encara a vida, o que é muito especial.


Sua jornada atrás do pássaro pode simbolizar uma luta por liberdade, por licença poética ou mesmo por respostas para suas próprias perguntas. A narrativa é fluida e dinâmica como Louco, e os diálogos (ou seriam só seus pensamentos) confundem realidade e ficção. O colorismo está fantástico, e apresenta uma paleta de cores viva representa muito bem a perspectiva lúdica do personagem. As vezes nos sentimos como se estivéssemos dentro de um sonho de Louco. De forma geral, o roteiro e a arte retrataram muito bem a inconstância do personagem, que assim como nos quadrinhos está sempre em movimento. O traço é lindo e deixa a graphic com uma cara de peça teatral ou uma apresentação circense.

Já falei bastante e qualquer coisa além do que já disse pode prejudicar sua experiência com esta graphic novel incrível, caso você não a tenha lido. Se ainda não leu, procure conhecer (e se deixar encantar) por este trabalho sensível, delicado, lúdico e que se tornou meu quadrinho favorito do Projeto Graphic MSP. 



                                                                          




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