Assassinos Reais Crítica

Social Killers - Amigos Virtuais, Assassinos Reais, de JJ Slate e RJ Parker

00:00Universo dos Leitores

Não existem dúvidas de que a internet revolucionou os meios de comunicação. Por meio dela é possível se conectar com pessoas do mundo inteiro, fazer amigos, participar de grupos com interesses comuns, defender ideias e revolucionar uma sociedade. Ao mesmo tempo, como nem tudo são flores e toda evolução tem as suas vantagens e desvantagens, a internet também oferece riscos: ela permite que uma pessoa se esconda atrás da tela e se apresente como quiser. Eu, por exemplo, posso acessar um site e falar que sou loira, de olhos azuis, alta, magra e rica. Posso contar que já viajei o mundo inteiro e falo diversos idiomas. A imaginação não tem limites, concordam? 

Mas essas são mentiras leves, que não causam prejuízos a ninguém além daquele que precisa ser outra pessoa para se sentir melhor. Contudo, por meio da internet, muitas pessoas criam personagens "bondosos" com um único objetivo: cometer crimes. E é exatamente sobre isso que esse livro vai falar. 

Com uma linguagem simples e direta os autores JJ Slate e RJ Parker nos colocam diante de 33 casos chocantes de crimes ocorridos pela internet. Diferente do que acontece em "Serial Killers - Anatomia do Mal", de Harold Schechter, ou em "Louco ou Cruel?", de Ilana Casoy, aqui não existem explicações teóricas sobre os casos ou análises de perfis e de processos investigativos. Os autores apenas descrevem as condutas dos criminosos e demonstram o quanto pode ser fácil enganar pessoas e o quanto existem seres humanos desequilibrados, inseguros, instáveis e cruéis. Você vai se deparar com situações de canibalismo, assassinato, sequestro, suicídio, pedofilia, tortura etc.

"Os sites de mídia social tornam-se uma espécie de arena pública, onde aqueles em busca de atenção podem cativar uma ampla audiência solidária às suas dores. Se o que esses indivíduos querem é atenção, decerto encontrarão vastas quantidades de diligentes simpatizantes através das avenidas virtuais."

Logo no início do livro eu me surpreendi com o caso do Armin Meiwes, que desde a infância foi fissurado com a história de João e Maria, que serviu de inspiração para os seus crimes. Com o intuito de encontrar um parceiro que permitisse ter a carne devorada, ele publicou uma mensagem em um site chamado "The Canibal Café" e encontrou vários candidatos. A maioria desistiu quando percebeu a gravidade da situação, mas um deles consentiu com a situação e foi visitar Armin, que estocou a sua carne e se alimentou dela por 2 anos. 

Também fiquei muito impressionada com o caso de Lacey Spears, uma mulher obcecada por curtidas e comentários em suas fotos, que acabou se utilizando do próprio filho para ter sucesso nas redes sociais.
Vale destacar que após a apresentação dos casos os autores criaram dois capítulos muito interessantes e esclarecedores: um aborda a postura das autoridades policiais diante dos crimes cometidos pela internet e as maneiras utilizadas para a localização dos criminosos, enquanto o outro descreve medidas de segurança e privacidade na rede. 

É preciso pensar muito nas regras de segurança e ficar sempre atento para elas. Infelizmente nós temos o hábito de pensar que as coisas não acontecerão conosco e que estamos distantes desse submundo da internet. Mas é exatamente disso que essas pessoas se aproveitam: da nossa boa-fé. 

Querem uma dica? Leiam atentamente esses casos e reflitam sobre atitudes que você pode tomar para não se envolver nessas situações de risco. Não se esqueçam do fato de que todos esses criminosos aparentam ser ótimas pessoa! 
Para quem gosta do assunto, sem dúvida o livro é uma ótima opção de leitura. Apesar do tema árduo e doloroso, a leitura flui bem e faz com que a gente reflita sobre a exposição diária e a publicação excessiva de informações sobre a nossa vida e a nossa privacidade. 

"A primeira medida a ser adotada, talvez, é educar a nós mesmos. Dizem que antes de conquistar e manter qualquer coisa sob seu domínio é necessário compreendê-la. Essa é uma maneira elegante de dizer que, para se manter seguro na internet, você precisa primeiro saber o que ela é e como fazê-la funcionar a seu favor, não contra você."
*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books. 
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