Olá leitores, tudo bem?
O livro Tubarão, do Peter Benchley, publicado pela Darkside Books, me surpreendeu do início ao fim, principalmente por conter um viés político e um tom de crítica social, o que não existe de forma tão delineada no filme, que dá um destaque maior para o "tubarão".
Eu gostei tanto da narrativa que grifei várias passagens interessantes para mostrar a vocês. A intenção é fazer com que leiam o livro e mergulhem de cabeça nessa história de aventura, suspense, drama e ação. Vamos lá?
"Pela primeira vez a mulher sentiu medo, apesar de não saber do quê. Uma descarga de adrenalina percorreu seu corpo e membros, alfinetando-o e obrigando-a a nadar mais rápido. Calculou que estaria a uns 50 metros da praia. Podia ver a faixa de espuma branca das ondas batendo na margem. Via as luzes da casa e, por um momento, aliviada, pensou ter visto alguém passar por uma das janelas."
"Abaixo da superfície, o peixe sacudia a cabeça de um lado a outro, os dentes, serras em forma de triângulos, cortavam o restante dos nervos que ainda resistiam. O corpo se desfez. O peixe engoliu, depois virou-se para continuar a comer. Seu cérebro ainda registrava sinais da presa por perto. A água estava chacoalhada de sangue e carne triturada, e o peixe não conseguia distinguir o que era realmente comestível. Ia e voltava pela nuvem de sangue que se dissipava, abrindo e fechando a boca, buscando um naco aleatório. Mas agora a maioria dos pedaços do cadáver tinha se espalhado."
""Já discutimos isso, Dorothy e eu", disse Meadows, filtrando as palavras pela boca cheia de pão e carne, "e concordamos que uma das poucas vantagens que o homem tem sobre os outros animais é a possibilidade de escolher como vai morrer. A comida pode até me matar, mas também é o que faz da vida um prazer. Além disso, prefiro ir do meu jeito do que terminar na barriga de um tubarão. Depois desta manhã tenho certeza que você concorda comigo.""
"Tubarões são como assassinos com um machado, Martin. As pessoas reagem a eles de forma passional. Tem algo de louco, maligno, incontrolável sobre eles. Se a gente disser às pessoas que tem um tubarão assassino por aqui, podemos dizer adeus ao verão."
"Claro, tem coisas que eu poderia fazer. Tecnicamente. Mas não tem nada realmente que eu possa fazer. O que eu e você achamos não pesa muito por aqui. Os que mandam aqui estão preocupados que não caia bem se a gente propagar que uma estranha foi morta por um peixe. Preferem correr o risco de dizer que foi só um acidente fora do normal que não se repetirá. Ou, pior, eles prefere, que eu corra esse risco, já que a responsabilidade é minha."
"Não havia nenhuma certeza de que o que se movia acima era comida, mas comida não era um conceito significante. O impulso do peixe era atacar. Se o que ele engolisse fosse digerível, era comida; se não, seria mais tarde regurgitado. A boca abriu, e com um último movimento de sua cauda em forma de foice o peixe atacou."
"O último - e único - pensamento do menina foi de que tinha levado um soco no estômago. Sua respiração sumiu subitamente. Não teve tempo de gritar e, ainda que tivesse tido tempo, não saberia o que gritar, pois não pôde ver o peixe."
"Sentiu que ficou vermelho, quase febril. Temor, culpa e fúria se misturavam num golpe doloroso que parecia lhe contorcer as entranhas. Logo se sentiu traído e traidor, enganado e enganador. Era um criminoso forçado a cometer um crime, uma prostituta relutante. Tinha que levar a culpa, mas não era culpado. A culpa era de Larry Vaughan e seus sócios, fossem eles quem fossem. Quis fazer a coisa certa, forçaram-no a não fazer. Mas quem eram eles para o forçarem? Se não pudesse se impor perante Vaughan, que tipo de policial era ele? Ele tinha que ter interditado as praias."
"Os tubarões têm tudo que um cientista sonha. São bonitos - Deus, como são bonitos! São como uma máquina perfeita. São elegantes como qualquer pássaro. São tão misteriosos quanto qualquer animal na Terra. Ninguém sabe ao certo quanto tempo vivem ou a quais impulsos - exceto a fome - respondem."
"O passado sempre parece melhor quando você se lembra dele, mais do que ele realmente foi na época. E o presente nunca parece tão bom quanto parecerá o futuro. É deprimente ficar muito tempo revivendo as velhas alegrias. Você acha que nunca terá algo tão bom novamente."
"Olhe para isso do nosso ponto de vista, Martin. A cidade está morrendo. As pessoas estão sem trabalho. Lojas que seriam abertas não vão ser mais. As pessoas não estão alugando casas, muito menos comprando. E a cada dia que mantemos as praias fechadas cravamos mais um prego no nosso caixão. Estamos falando, oficialmente, que esta cidade não é segura: fique longe daqui. E as pessoas estão ouvindo."
"Suponha que você libere as praias para o Quatro de Julho, Larry", disse Brody. "E suponha que alguém seja morto."
"É um risco calculado, mas eu acho - nós achamos - que vale a pena correr."
"O que podemos fazer? Meu Deus, eu preferia um furação. Ou até um terremoto. Pelo menos depois que eles acontecem, terminam, e acabou-se. Pode-se olhar em torno e ver o que aconteceu e o que tem de ser feito. São eventos, algo com que você pode lidar. Tem começos e fins. Isso aqui é loucura. É como se houvesse um maníaco à solta matando pessoas quando estivesse a fim. Você sabe quem ele é, mas não pode pegá-lo e não pode pará-lo. E o que é pior, você não sabe por que ele está fazendo isso."
"Você pode imaginar como seria um tubarão-branco de trinta metros? Você pode imaginar o que ele faria, que tipo de poder ele teria?
"Nem quero", disse Brody.
"Seria como uma locomotiva com uma boca cheia de facas de açougueiro."
E então, o que acharam? Acredito que essas passagens demonstram bem o clima de tensão e suspense do livro, além de mostrarem que ele tem um história inteligente e que aborda assuntos muito mais complexos que o tenebroso ataque de um tubarão.
Sem dúvida uma escolha acertada da Darkside Books, que novamente apostou em uma edição deslumbrante e surpreendeu os fãs.
Leiam, vocês vão adorar! :)
*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books.
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