A Menina Submersa
Caitlín Kierman
A impossibilidade de resenhar o livro A Menina Submersa
00:00Universo dos Leitores
Olá Leitores...
Hoje eu quero falar para vocês sobre o livro A Menina Submersa, de Caitlín Kierman, publicado pela Darkside Books. Eu já contei algumas passagens marcantes da história e também já falei sobre o transtorno conhecido como esquizofrenia paranoide, que acomete a Imp, nossa protagonista e narradora. Contudo, fiquei devendo uma resenha e tenho pensado nisso já faz um tempo. Acontece que depois de idas e vindas e de vários rascunhos deletados, concluí que não tenho como resenhar esse livro. Bom, não cheguei a essa conclusão por nada e sequer tenho certeza de que é a resposta certa para o meu dilema, mas sem dúvida é a única resposta que consigo encontrar agora.
A Imp foi uma das personagens mais complexas e intensas que conheci esse ano. Marcada por várias tragédias de família (abandono do pai e falecimento da mãe e da avó, ambas esquizofrênicas), ela aprendeu a ser sozinha e a controlar o seu transtorno com medicamentos e artes – ela era pintora e escritora nos tempos livres. Amante dos livros e obcecada por várias pinturas e obras literárias de escritores renomados, a sua vida seguia um curso relativamente tranqüilo e o seu relacionamento com Abalyn estava muito bem.
Contudo, certa noite, enquanto dirigia pela Rodovia 122, encontrou uma garota misteriosa em uma situação inusitada e resolveu levá-la para casa. Esse acontecimento foi o grande divisor de águas da sua vida. Eva, que muitas vezes foi fantasma, lobo, sereia ou apenas fruto da imaginação de Imp, lhe trouxe diversos problemas e a colocou em um conflito interno tão grave que culminou em longos períodos de delírio.
"Estou começando a perder o fio da minha história de fantasmas. Não estou mais nem certa de que é uma história de fantasmas e, se não for, não sei o que mais poderia ser. Ou como proceder."
Mas diferente do que parece, nada disso que eu disse aqui acontece de forma cronológica no livro. A história de Imp é a reunião de várias memórias e vários pensamentos desconexos que vão sendo escritos por ela ao longo do tempo como uma tentativa incansável e dolorosa de autoconhecimento.
Além disso, em diversas passagens do livro, ela deixa claro que não sabe se está dizendo a verdade, que não sabe se o que escreve realmente aconteceu, já que para ela não existe uma única realidade, mas sim diversas formas de expressar o que você sentiu.
E é por isso que isso não é uma resenha! Isso é, apenas e tão somente, o que eu entendi, ou penso ter entendido do que Imp quis me contar ou quis acreditar que era verdade.
A Imp me confundiu, me levou a uma viagem psicológica intensa e repleta de reviravoltas, fazendo com eu duvidasse mim mesma e da minha capacidade de compreensão. Muitas vezes voltei várias páginas na tentativa de encontrar alguma resposta, mas nenhuma resposta está lá, afinal, este é um livro de perguntas.
Não tem como resenhar um livro que não apresenta um personagem lúcido e coerente, e que não possui uma única conclusão ou um único final. Não posso dizer que o final é emocionante, que a narrativa é envolvente ou que a história foi escrita com brilhantismo pela escritora. Aqui, nesse livro, eu sequer sei dizer quem é a escritora, porque para mim a Caitlín sequer existe, de tão real que a Imp se tornou.
Tudo sobre esse livro é diferente, inquietante, angustiante e inustitado. Portanto, só posso dizer uma coisa: leia e busque você a sua resenha, mas prepare-se porque a Imp certamente não te dará um único caminho. Pelo contrário, ela abrirá várias portas, para que você não consiga contar a história dela para mais ninguém e, se o fizer, certamente não estará dizendo a verdade.
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