Aristóteles e Dante descobrem os segredos universo Benjamin Alire Sáenz

Aristóteles e Dante descobrem os segredos universo, de Benjamin Alire Sáenz

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Descobertas... Mesmo que sem perceber, buscamos por isso todos os dias! As vezes, queremos descobrir lugares, em outras, novos paladares... Também tem os dias em que queremos descobrir novos amigos ou novas atividades prazerosas... Mas, difícil mesmo é descobrir quem a gente é! Ora, podemos ser vários, afinal, estamos em constante transformação, mas uma coisa é certa: temos uma essência, algo que mesmo com todas as mudanças e amadurecimentos, permanece sempre conosco, e é impossível ser feliz se nos afastarmos disso... 

"O problema da minha vida era que ela tinha sido ideia de outra pessoa."

Exatamente por isso que Aristóteles (ou Ari), nosso narrador, vivia em um constante conflito: ele queria descobrir o universo, todos os seus mistérios, segredos e porquês... Tímido, solitário, melancólico, inseguro e repleto de dilemas pessoais, ele suportava cada um dos dias como se não tivesse vida própria. Porém, quando mesmo esperava, ele conheceu Dante, um garoto alegre, sempre de bem com a vida e com uma família incrível. A amizade entre eles nasceu de uma maneira natural e divertida e mesmo com todas as diferenças, eles se entendiam, se respeitavam e se divertiam juntos... 

"Então eu era filho de um homem que tinha o Vietnã dentro de si. Sim, eram muitos motivos trágicos para sentir pena de mim mesmo. Ter quinze anos não ajudava. Às vezes achava que ter quinze anos era a pior tragédia de todas."
Sabe aquele ditado popular de que os opostos se atraem? Pois bem... Ele se encaixa perfeitamente aqui. Aristóteles e Dante eram adolescentes completamente opostos, mas no fundo, bem no fundo mesmo, possuíam algo em comum e esse "algo" foi suficiente para que eles se tornassem melhores amigos: ambos queriam descobrir o mundo, descobrir a graça da vida e conhecer a sensação de poder ser exatamente quem a gente é, sem medo, sem dor, sem culpa... 

"(...) O riso era outro mistério da vida."

A partir dessa amizade incrível, a história se desenvolve por meio de diálogos inteligentes e emocionantes, nos conduzindo a uma diversidade de sentimentos: eu ri, chorei, senti raiva, senti amor, senti de tudo um pouco. 

"As palavras ficam diferentes quando passam a morar dentro de você."

O interessante é que no livro, não só Dante a Aristóteles são importantes... Cada personagem compõe a história de forma única e especial, mesmo que aparecendo apenas uma vez. O destaque especial vai para os pais dos garotos, afinal, por meio do que eles viviam em casa que eles eram quem eram, por meio das dores ou alegrias que enfrentavam no dia-a-dia que eles conseguiram perceber a importância das palavras amadurecimento, cumplicidade, respeito, auto-aceitação e claro, família.

"Uau, um mundo sem escuridão. Não seria lindo?"

Personagens cativantes, linguagem quase poética e sentimentos a flor da pele... Essas características exalam na história de Benjamin Alire Sáenz, que desvenda não só a fase da adolescência,mas sim o íntimo de todos os seres humanos... 

"Então passei a me chamar Ari.
Se tirasse uma letra, meu nome seria Ar.
Achava que devia ser ótimo ser o ar.
Eu poderia ser alguma coisa e nada ao mesmo tempo. Ser necessário e invisível. Todos precisariam de mim e ninguém conseguiria me ver."
O que era para ser apenas mais um livro para o público jovem se tornou um dos livros mais especiais que li nesse ano e sim, ele veio no momento certo para a minha vida... Ora, tudo bem que minha personalidade é exclusivamente Dante e acho que sempre será, mas isso não quer dizer que eu não tenha os meus conflitos internos, as minhas dores particulares e aquelas perguntas para as quais eu nunca encontro uma resposta. Depois da leitura parei para refletir se eu não encontro mesmo ou se apenas não quero enxergar... Talvez, os segredos do universo estejam todos dentro de mim... 

Não posso deixar de dizer que lendo esse livro eu compreendi perfeitamente o motivo pelo qual a Alice, de "Alice no País das Maravilhas" (um dos livros que não me canso nunca) quando perguntada sobre quem ela era, respondeu: "Eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu". 

"Minha mãe e meu pai deram as mãos. Imaginei como era segurar a mão de alguém. Aposto que às vezes é possível desvendar todos os mistérios do Universo na mão de uma pessoa."

"(...) Meu pai decidiu ler tudo que eu lia, talvez fosse nosso jeito de conversar."

"(...) É que o amor sempre me foi pesado. Algo que eu precisava carregar."

"Outro segredo do Universo: às vezes, a dor era como uma tempestade que vinha do nada. A mais clara manhã de verão podia acabar em temporal. Podia acabar em raios e trovões."



Méritos da leitura: Pipoca Musical e Pausa para um Café... Se não fosse pelas resenhas incríveis da Raquel e da Anna, provavelmente eu não iria me interessar pelo livro! 

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