No livro Amor Líquido, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, aborda as relações humanas no contexto do mundo moderno, ou seja, o mundo líquido, em que nada é feito para durar.
"O amor pode ser, e frequentemente é, tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento."
No momento em que todos se voltam para a tecnologia, as redes sociais e uma vida de aparências, a intensidade dos relacionamentos escapa da mão de duas pessoas, passando a ser questão pública, que deve ser supervalorizada com uma felicidade extrema e um amor inabalável.
Porém, toda essa segurança e essa estabilidade se esvai na primeira crise, na primeira decepção, afinal, em um mundo moderno, pessoas são descartáveis, bastando um clique no botão "deletar" para que elas saim de vez da nossa vida. Assim como os bens de consumo, elas podem ser trocadas por outras com menos defeitos ou, até mesmo, colocadas de lado para serem usadas em outra ocasião.
Por meio dessas premissas, Bauman defende que na atualidade estamos cada vez mais instáveis e desconectados do outro e de nós mesmos, o que reflete em todas as nossas relações, sejam elas amorosas, de afinidade ou, até mesmo, familiares.
Ao longo da obra, questões como amor próprio, convivência, segurança e aparência são abordadas com a lucidez peculiar do escritor, nos colocando diante de uma reflexão intensa sobre a forma como estamos conduzindo a nossa vida e as nossas relações.
"Não admira que a proximidade virtual tenha ganhado a preferência e seja praticada com maior zelo e espontaneidade do que qualquer outra forma de contiguidade. A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum."
De acordo com o escritor, impulso, egoísmo, consumo, insegurança e desejo são os pilares da conduta humana, porém, os grandes responsáveis por um mundo solitário e pobre de relações duradouras.
"O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu "valor monetário"."
Por meio de reflexões interessantes, citações de outros filósofos, metáforas e exemplos concretos, a obra representa um marco na análise dos vínculos afetivos e da capacidade de relacionar com o outro, respeitando as diferenças e valores.
Dica: Para saber mais sobre o trabalho do sociólogo, que possui mais de 30 livros publicados no Brasil, acesse o site da Editora Zahar.
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