A Crônicas Marcianas Crítica

As Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury

00:30Universo dos Leitores


Para começar esta resenha preciso dizer o quanto sou fã dos trabalhos de Ray Bradbury! Primeiro me apaixonei por Fahrenheit 451, uma distopia alucinante e completamente crítica, que aborda uma época em que os livros eram queimados pelo Governo e considerados objetos proibidos. Em seguida, li A Cidade Inteira Dorme e outros contos e descobri a capacidade de Ray para criar contos que nos transportam a outros mundos e permitem sensações únicas e diferentes. Com isso, imaginava que o escritor já havia revelado todo o seu talento e que nada mais me surpreenderia, mas estava enganada. “As Crônicas Marcianas” me mostraram um Ray ainda mais ousado e extremamente criativo. A verdade é que o livro superou todas as minhas expectativas e se tornou um dos queridinhos da minha estante! 
Os contos deste livro, que foram escritos no ano de 1950, nos transportam para o universo tão misterioso do planeta Marte. Apesar de independentes, é interessante que a leitura seja feita em ordem, já que a cada conto mergulhamos com mais profundidade na mente do escritor e conseguimos construir claramente a sua ideia de como seria Marte desde o primeiro foguete da Terra que pousou por lá (1999) até o domínio completo do Planeta (2026).
Em meio a invasões pelos terráqueos, descobertas alucinantes e casas que se controlam sozinhas, todas as histórias são agradáveis de ler e apresentam muito mais que ficção científica, se revelando absolutamente filosóficas, ao demonstrarem os seres humanos com as suas fraquezas, suas dúvidas, ambições e os seus medos. Da mesma forma, as crônicas abordam temas como política e convívio social. Esse misto de assuntos, sempre permeado de muita imaginação, tornou o livro rico e diferenciado. 

A linguagem de Ray por vezes é dura, mas extremamente prazerosa. Para mim, a leitura fluiu rapidamente e quando terminei o livro, voltei em alguns dos contos que despertaram a minha atenção de forma mais intensa, entre eles, Os homens da terra (agosto de 1999) que relata o momento em que os terráqueos invadiram Marte e tentaram convencer os marcianos de que eram moradores do Planeta Terra. Desacreditados e sem a menor intenção de aceitar o desconhecido, eles ludibriaram os terráqueos e os internaram em um hospital psiquiátrico. O final foi extremante marcante e reflexivo, demonstrando que imposições de idéias existem em todos os locais e que a dificuldade de aceitar o desconhecido muita vezes nos leva a conclusões e atitudes extremas, que impedem o nosso crescimento e a evolução da sociedade como um todo. 

Todos os contos são espetaculares e merece ser lidos e relidos com atenção e carinho...

Esqueça tudo o que já ouviu dizer sobre Marte, foguetes, colonização e naves espaciais e mergulhe nas histórias únicas, inesquecíveis 
e alucinantes de Ray Bradburry.






Um destaque:

Não tem como ler o livro e deixar de comentar sobre a Apresentação escrita por Jorge Luis Borges. Com considerações incríveis e enriquecedoras, o seu texto, conseguiu abrir o interesse para a obra. Em uma passagem, ele disse o seguinte: "Como podem tocar-me essas fantasias, e de modo tão íntimo?" (fl. 9).

Confesso que ao longo da leitura me lembrei por diversas vezes dessa colocação e compreendi perfeitamente o seu sentido!







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