CrĂ­tica Editora Novo SĂ©culo

Eleanor e Park, de Rainbow Rowell

00:00Universo dos Leitores

No ano de 1986, Ă©poca em que as referĂȘncias musicais eram The Smiths e Beatles, Eleanor conheceu Park no primeiro de dia de aula, no ĂŽnibus escolar. A relação entre eles, que inicialmente era estranha e sem muitas palavras, começou de forma singela e natural, em razĂŁo do fato de compartilharem o gosto pelas mĂșsicas e pelos quadrinhos.


“Eles ainda nĂŁo conversavam no ĂŽnibus, mas o silĂȘncio se tornara menos confrontante. Quase amigĂĄvel. (Mas nem tanto.)”

Park era um garoto quase perfeito. Coreano, inteligente, educado, com uma família bem estruturada e cheia de harmonia. Eleanor, por sua vez, era ruiva, usava roupas um tanto quanto masculinas, estava um pouco acima do peso, tinha um padastro abusivo e vivia situaçÔes cruéis e dolorosas dentro de casa. Mas mesmo em meio a tantas diferenças, a amizade entre eles cresceu e se transformou em amor, o primeiro amor!

“Porque, mesmo depois de tudo o que acontecera nos Ășltimos 45 minutos – e tudo o que acontecera nas Ășltimas 24 horas -, ela sĂł conseguia pensar em encontrar Park.”
Enquanto descobriam esse sentimento e aprendiam sobre as suas peculiaridades, continuavam a enfrentar a rotina da vida, com as suas dificuldades e as suas intempĂ©ries. Eleanor precisou conquistar a famĂ­lia de Park enquanto escondia o relacionamento dos seus familiares. Park precisou enfrentar o pai para que pudesse ser ele mesmo, sem mĂĄscaras e sem segredos. 

“Concordavam sobre tudo que era importante e discutiam sobre o resto. E isso era bom tambĂ©m, porque, quando discutiam, Eleanor sempre fazia Park morrer de rir.”
Narrada com capĂ­tulos que alternaram entre o ponto e vista de Park e de Eleanor, a histĂłria criada por Rainbow Rowell Ă© uma histĂłria sobre as descobertas da vida. Entre as palavras sinceras e carinhosas trocadas pelos nossos protagonistas, a escritora conseguiu abordar assuntos relevantes como bullying, os padrĂ”es de beleza estipulados pela sociedade, a violĂȘncia domĂ©stica e autoconhecimento. 

“Segurar a mĂŁo de Eleanor era como segurar uma borboleta. Ou um coração a bater. Como segurar algo completo, e completamente vivo.”
Merece destaque a solidez com a qual os personagens foram construĂ­dos. Todos receberam caracterĂ­sticas intensas e bem definidas, atĂ© mesmo os coadjuvantes. É impossĂ­vel nĂŁo se apaixonar pela mĂŁe de Park e nĂŁo sentir raiva da omissĂŁo da mĂŁe de Eleanor. Em cada detalhe e em cada descrição conseguimos nos colocar no lugar de cada um deles e refletir sobre o que queremos e buscamos para as nossas vidas.

O final, que de certa forma foi anunciado logo no primeiro capĂ­tulo, reservou emoçÔes intensas e uma carga realista muito grande. Ficou claro que os nossos caminhos podem mudar a qualquer tempo e que a vida precisa seguir em frete. Absolutamente lindo! 
Posso dizer que o livro foi uma excelente surpresa, principalmente porque romances adolescentes nĂŁo integram o meu estilo preferido de leitura. Me encantei com a delicadeza com a qual a histĂłria foi construĂ­da e com a intensidade com a qual os sentimentos foram relatados, afinal, tem algo mais intenso que o primeiro amor?

Sem dĂșvida uma Ăłtima opção para o pĂșblico jovem e tambĂ©m para os adultos com coraçÔes sensĂ­veis... Mergulhem nessa histĂłria como eu mergulhei e relembrem as aventuras da descoberta do amor!


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